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sexta-feira, 8 de julho de 2011

MARIA

Eu morei em Manguinhos com Maria
Que era casada com Manuel e o amava muito
Eu nunca senti tanto amor
quanto Maria tem por Manuel
Esse amor me alimentou
por muitos anos em Manguinhos

Maria não me deu a vida
Maria deu-me pão
                Deu-me espaço
                Deu-me carinho
                Proteção
                “Regra e compasso”
                Me deu  a mão e o coração
                O não. E às vezes o sim
                Deu-me proteção.

Manuel era vigia
A noite era a sua companheira e
Maria, sua durante o dia
Maria lia pra Manuel todos os dias
                 As notícias, as mortes, o que Manuel não via
E eu em um canto, aprendia a amar Maria

Maria partiu para sua terra
                A Paraíba
Há pouco tempo a vi
                Sem Manuel, tão pequenina
Tão grande em meu coração    
                Ela me abraçou e eu voltei a ser
Aquele menino de Manguinhos
                De régua e compasso na mão

Maria partiu
E me deixou uma Maria pequena
                Hoje leio estórias infantis pra Maria
Como fazia Maria pra Manuel
Todos os dias
Maria

Nelson Marques

3 comentários:

  1. Nelson,

    As lágrimas escorrem ... E ao mesmo tempo a percepção de que as lembranças da infância são tão profundas e genuinamente especiais.
    Belo poema, belo sentimento, bela lição "da regra e compasso".
    Bjs e parabéns!
    Eliana

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  2. Que beleza, Nelson!

    Parabéns pela inspiração. Seu modo singelo nos comove. Muito belo mesmo este poema de Maria.

    Deixo-te de presente um trecho da música "Maria" de Ary Barroso: "Maria!/ o teu nome principia/ na palma da minha mão/ E cabe bem direitinho/ Dentro do meu coração"

    Parabéns!

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  3. Obrigado meus amigos,
    Voces são muito generosos.
    Esse poema é do menino de Manguinhos...
    bjs
    Nelson

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